Mestre em filosofia pela PUC-RJ, doutor em Ciências Políticas pelo IUPERJ, professor de filosofia da PUC-RJ e da Faculdade de Filosofia e Teologia São Bento, RJ.
Bacharel e mestre em Filosofia (UFRJ e UERJ). Doutor em Filosofia pela Université de Nice (França) e em Literatura Comparada pela University of Georgia (EUA). Estágio pós-doutoral em estudos psicossociais na University of London, Birkbeck. Professor da UFRJ desde 2009. Psicanalista desde 2018.
Ementa “Freud e a Filosofia”:
Este curso oferece um quadro geral a respeito de como as ideias de alguns filósofos influenciaram o pensamento de Freud, e de como a psicanálise, depois de consagrada na cultura e no pensamento da modernidade, terminou reciprocamente por interferir e repercutir nos caminhos da criação filosófica mais recente.
Freud cita e utiliza referências filosóficas em toda sua obra: em Análise terminável e interminável, mostra a presença de Empédocles em sua segunda teoria das pulsões; Nas Conferências introdutórias relaciona a psicanálise ao “conhece-te a ti mesmo” socrático; em Além do princípio do prazer relaciona o seu conceito de Eros ao de Platão; em História do movimento psicanalítico e Um estudo autobiográfico, mostra sua dívida para com Nietzsche e Schopenhauer. Um dos principais objetivos do curso é seguir esses trajetos genealógicos que não somente nos ajudam a compreender melhor os conceitos psicanalíticos, mas ampliam o seu significado, a sua abrangência e as suas implicações clínicas.
Em contrapartida, a filosofia contemporânea foi muito influenciada pela psicanálise. Vamos abordar as reflexões de pensadores do séc. XX como Theodor Adorno, Herbert Marcuse e Michel Foucault, entre outros, que se utilizaram de fundamentos filosóficos para criticar, atualizar e ampliar os conceitos psicanalíticos. Um ponto em comum entre estes autores é um olhar para a obra de Freud e seus seguidores a partir de conceitos marxistas e nietzschianos, o que os conduz a uma reflexão sobre como os processos psíquicos podem viabilizar ou impedir transformações culturais e políticas.
Autor essencial em nosso curso também é Otto Rank, psicanalista e filósofo, amigo íntimo e interlocutor direto de Freud, um precursor no debate a respeito das relações entre psicanálise e filosofia.
Bibliografia:
ADORNO, Theodor. Ensaios sobre psicologia social e psicanálise. Editora Unesp, 2015.
ASSOUN, Paul-Laurent. Freud & Nietzsche: semelhanças e dessemelhanças. São Paulo: Brasiliense, 1989.
BIRMAN, Joel. Entre o cuidado e o saber de si: sobre Foucault e a psicanálise. Relumé Dumará, 2000.
BIRMAN, Joel. Freud e a filosofia. Zahar, 2003.
CHAVES, Ernani. Foucault e a psicanálise. Forense Universitária, 1988.
FONSECA, Eduardo Ribeiro da. Psiquismo e vida: sobre a noção de Trieb nas obras de Freud, Schopenhauer e Nietzsche. Ed. da UFPR, 2012.
MARCUSE, Herbert. Eros e civilização pensamento de Freud. Zahar, 1981.
RANK, Otto. O trauma do nascimento. Cienbook, 2016.
Ementa “A descoberta do corpo desejante e alguns de seus desdobramentos”:
Este curso visa apresentar a psicanálise por meio de um diálogo com a filosofia, reposicionando alguns de seus principais conceitos diante de dois tipos de problematização pertencentes a uma certa tradição filosófica: Spinoza e Nietzsche.
Nosso objetivo inicial é destacar a atualidade dessas problematizações dentro do pensamento posterior sobre a atividade inconsciente, já com o advento do saber psicanalítico.
A ideia-força a ser trabalhada ao longo do semestre é a de que a psicanálise nasce e se desenvolve como uma exploração do corpo em sua face desejante, mas que seu foco de análise se revela por vezes redutor, merecedor de críticas importantes, de dentro e de fora da prática psi.
Destacaremos dois eixos de crítica, incidindo sobre a redução da afetividade à pulsionalidade (1) e sobre a interpretação do desejo a partir de relações modelares (2).
Para tanto, procurarei me valer das contribuições da psicanálise de Donald Winnicott (crítica ao princípio de prazer) e da crítica esquizoanalítica proposta por Gilles Deleuze e Félix Guattari (crítica a Édipo).
Bibliografia:
BIRMAN, Joel. Freud e a filosofia (2003).
DELEUZE, Gilles. Nietzsche e a filosofia (1962).
DELEUZE, Gilles. Apresentação de Sacher-Masoch (1967).
DELEUZE, Gilles. “Desejo e prazer” (Notas sobre Foucault) (1977).
DELEUZE, Gilles & GUATTARI, Félix. O Anti-Édipo (1972).
DOMENECH ONETO, Paulo. “A psicanálise: Eros, entre Narciso e Édipo”. Apostila (2023).
DOMENECH ONETO, Paulo. “Notas sobre Sacher-Masoch”. Apostila (2016).
FOUCAULT, Michel. História da sexualidade I: a vontade de saber (1976).
FREUD, Sigmund. Passim.
GOMEZ, Lavinia. An Introduction to Object Relations (1997).
LACAN, Jacques. Os complexos familiares na formação do indivíduo (1984).
NIETZSCHE, Friedrich. Passim.
PLASTINO, Carlos Alberto. Vida, criatividade e sentido no pensamento de Winnicott (2014).