Entrevista com Chaim S. Katz para a Revista Percurso
Entrevista com Chaim Samuel Katz para a Revista Percurso.
Um pensamento inquieto, sem paradeiro. Uma fidelidade radical ao psicanalítico. A contundência de posições muitas vezes inusitadas. Presença em movimentos. A coragem do enfrentamento permanente com o que petrifica e congela. Tudo isso leva o psicanalista Chaim Samuel Katz a uma fecunda produção, onde a psicanálise se espraia, se dobra e desdobra, vibrando ininterruptamente, buscando personagens muitas vezes escondidos, apagados pelo pensamento cristalizado de instituições já empedernidas em seus automatismos repetitivos.
Assim é esse mineiro que virou carioca, que sempre teve a coragem da busca da criação, em circunstâncias algumas vezes fecundas, outra vezes perigosas.
No semanário Opinião, em plena vigência do Ato Institucional nº 5, década de 70, juntamente com pensadores que lutavam contra a repressão militar (Paulo Francis, Millor Fernandes, entre outros), Chaim era presença constante. Era quase uma voz única no campo da psicanálise a se manifestar politicamente. Chaim nunca ficou calado. É figura polêmica, amado e odiado por esse Brasil afora.
Sempre antenado no que vai pelo mundo, foi um dos que introduziram o estruturalismo no Brasil. Leu Lacan antes de muita gente. Para hoje contestá-lo: Chaim é crítico radical dos grupos lacanianos. Estudou filosofia – é discípulo fiel de Claudio Ulpiano – foi amigo de Foucault, Leclaire, leitor assíduo de Deleuze e Guattari. Sempre nas bordas, Chaim traduziu Tauski, mergulhou em Ferenczi, trabalha com a psicose.
Publicou inúmeros livros, dos quais citamos alguns: Ética (Graal, 1984), Psicanálise e Nazismo (Taurus, 1985), Freud e as Psicoses (Xenon 1994). Organizou outros tantos, dos quais também citamos apenas alguns: Psicanálise e Sociedade (Interlivros, 1977), Temporalidade e Psicanálise (Vozes, 1995). Sempre buscou reunir pensamentos diversos em leques que se abrem para pertinências distintas, marcando sua oposição a qualquer dogmatismo. Fundou a Formação Freudiana, pois, afirma nessa entrevista, “vivemos todos institucionalmente.” Ou seja, encara o paradoxo, não se furta ao conflito. E assim é sua clínica.
A entrevista com Chaim Samuel Katz foi feita através da troca de e-mails. Um “diálogo indireto” como ele mesmo afirmou. Perdemos todos com isso, pois não pudemos discutir nem rir juntos. Mas, assim foi. E, as espirais do pensamento de Chaim brotaram em sua escritura. Pelos seus redemoinhos fomos indo, todos nós. E, das muitas ventanias em que tantas vezes nos perdemos, surgiu essa paisagem, rica e acidentada. Vale a pena a viagem.
Miriam Chnaiderman
Realização e edição: Andrea Carvalho, Bela Sister, Daniel Delouya, Mara Selaibe, Miriam Chnaideman, Patricia Getlinger e Sidney Shine.
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