Solidão, uma possessão valiosa
Terças-feiras às 17h30 – com Clara Kishida
Psicanalista. Membro Fundadora da Formação Freudiana.
*Ao examinar a capacidade de ficar só, Winnicott afirma partir do pressuposto de que esta capacidade é um dos mais importantes sinais do amadurecimento emocional. Contudo, muitas pessoas podem tornar-se cedo capazes de apreciar a solidão e mesmo valorizá-la como sua possessão mais preciosa. Não ser capaz de ficar só pode significar, por sua vez, exposição a um sofrimento além do imaginável.
Como compreender as considerações acima se a solidão é vista, majoritariamente, como uma experiência negativa, como sinal de uma exclusão dos modos de ser e sentir no mundo regidos pela sociabilidade, e de inadequação aos circuitos de trocas materiais ou libidinais?
Winnicott postula a não coincidência do estar só e do ser solitário. Chaim Katz, em O coração distante: ensaio sobre a solidão positiva, valoriza o estar só sob a denominação de solidão positiva, apontando variadas modalidades pelas quais se presentifica, e as elabora juntamente com outras formas de solidão ditas negativas. Em seu entender, “o homem é um ser paradoxal, destinado a ser com (e como) os outros, ao mesmo tempo em que deve “insistir no seu próprio”, no que não se inscreve enquanto Lei”.
O objetivo deste curso é discutir essas questões a partir da leitura do livro de Katz acima citado.
Leituras básicas:
Katz, Chaim. O coração distante: ensaio sobre a solidão positiva. S. l: Editora Revan, 1996.
WINNICOTT, D.W. “A capacidade para estar-só”. In: O ambiente e os processos de maturação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1982
WINNICOTT, D.W. “Comunicação e falta de comunicação levando ao estudo de certos opostos. In : O ambiente e os processos de maturação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1982.