Homenagem ao aniversário de Freud

por Adriane Yazeji
Neste 6 de maio, celebramos o nascimento de Sigmund Freud, pai da psicanálise, aquele que ousou estudar as profundezas do psiquismo humano.
Em sua homenagem e em tempos conturbados como o atual, revisitamos a carta em que respondeu a Einstein sobre os horrores da guerra. Nela, Freud reconhece a força da destruição, em contrapartida, aposta na força de Eros como a única via para a paz.
Em 1932, a pedido da Liga das Nações, Albert Einstein escreve para Freud perguntando: Por que a guerra?
Embora vislumbre na pulsão de morte a raiz do aniquilamento e destruição, Freud, recusa o niilismo e aposta na potência de Eros, na pulsão de vida, na possibilidade de um princípio afirmativo: o amor como vínculo e resistência ao caos.
Para Freud é na delicadeza do amor que reside a esperança da civilização, e é sob esta perspectiva, que os escombros das guerras modernas devem estar. Eros como o mais poderoso dos deuses, deve calar o soar dos mísseis e o fulgor das máquinas mortíferas.
A seguir selecionamos alguns trechos do “Por que a guerra?”:
“Por que nos indignamos tanto com a guerra, o senhor (Einstein), eu e tantos outros? Parece natural, biologicamente bem fundada, praticamente inevitável (…) A resposta será que todo o homem tem direito à sua própria vida, que a guerra destrói vidas humanas cheias de esperança, põe o indivíduo em situações degradantes, obriga-o a matar os outros, coisa que não quer fazer, destrói preciosos valores materiais e produtos de trabalho humano, e muito mais”.
“Se a disposição para a guerra é de destruição, então é natural que evocar contra ela o oponente dessa pulsão, Eros. Tudo que produz ligações afetivas entre as pessoas pode ter efeito contrário à guerra. Essas ligações podem ser de dois tipos: primeiramente ligações como aquelas com um objeto de amor, mesmo que sem metas sexuais (…) O outro tipo de ligação dá-se através de identificação. Tudo que produz interesse entre as pessoas suscita esses sentimentos comuns, essas identificações”.
“Tenho em outra mira outra coisa muito diferente, creio que a causa principal por que nos levantamos contra a guerra é a de que não podemos fazer outra coisa. Somos pacifistas porque, por razões orgânicas devemos sê-lo. Torna-se nos então fácil de justificar com argumentos a nossa atitude”.
BIBLIOGRAFIA
FREUD, Sigmund. Cultura, sociedade, religião: O mal-estar na cultura e outros escritos. Trad. Maria Rita Salzano Moraes. Belo Horizonte: Autêntica, 2020.
FREUD, Sigmund. Por que a guerra? – Reflexões sobre o destino do Mundo. Sigmund Freud, Albert Einstein. Lisboa: Edições 70, 2017.
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2023/05/08/veja-fotos-da-guerra-da-ucrania-que-venceram-premio-pulitzer.ghtml